Climatologia Geográfica |
- 8 milhões de toneladas de plásticos foram despejados no oceano em um ano
- Afinal, o que é pseudociência e qual é seu problema?
- Introdução à Antropologia
8 milhões de toneladas de plásticos foram despejados no oceano em um ano Posted: 13 Feb 2015 04:10 AM PST Em 2010, cerca de 275 milhões de toneladas de resíduos plásticos foram produzidos por 192 países. Dessas 275 toneladas, 8 foram parar nos oceanos. Especialistas alertam que se não melhorar o processamento deste lixo, ele se multiplicará por 10 em uma década. “Isto representa cinco sacos de supermercado cheios de dejetos plásticos a cada 30 cm ao longo da costa desses 192 países que estudamos”, afirmou à AFP Jenna Jambeck, professora de engenharia ambiental da Universidade da Geórgia e principal autora do estudo. “Rapidamente apareceu que a má gestão do tratamento dos dejetos é a principal causa desta contaminação” em crescimento, alertou Roland Geyer, professor de ciências ambientais da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara. “É a primeira vez que contabilizamos a quantidade de resíduos plásticos que chegam aos oceanos durante um ano; até hoje nada tinha sido feito”, afirma Kara Lavender Law, professora da Sea Education Association, em Massachusetts. Jambeck acredita que se não houver uma mudança real nisso, os oceanos estarão com 115 milhões de toneladas de plástico até 2025. Já que com o crescimento da economia, o uso de materiais plásticos aumentou em todos os países. Para você ter uma ideia da gravidade da situação, só em 2013 foram produzidos 299 milhões de toneladas de resíduos plásticos. Fonte: ECOD The post 8 milhões de toneladas de plásticos foram despejados no oceano em um ano appeared first on Climatologia Geográfica. |
Afinal, o que é pseudociência e qual é seu problema? Posted: 13 Feb 2015 03:50 AM PST
— Mario Bunge Um dos grandes problemas na atualidade são as ditas pseudociências. Mas afinal, o que é pseudociência? Como podemos diferenciá-la da ciência? Nós devemos nos preocupar com a pseudociência? Sabemos que a ciência, por exemplo, não sabe tudo, e por este motivo devemos estar com a mente aberta para estudar determinados fenômenos. Mas têm alguns problemas. Algumas hipóteses ou ideias, às vezes, não podem ser testadas através do método científico, seja por falta de tecnologia ou simplesmente por violar alguma lei natural (mundo natural), e isso é um dos critérios que podem definir o status de científico. Para clarificar o que estou dizendo, podemos usar dois exemplos, sendo o primeiro um exemplo "cientificamente" coerente e o segundo "cientificamente" incoerente: 1. A "Teoria de Cordas" é basicamente uma hipótese que está passando por um processo de transição, isto é, de sua fase inicial (hipótese) para uma prototeoria, o problema é que atualmente não temos tecnologia capaz de testá-la, o que impede de alcançarmos resultados conclusivos e, consequentemente, evidências que nos apontem a um determinado caminho. Mas podemos especular o que aconteceria se ela fosse testada, por exemplo, poderíamos concluir que de fato elas existem, ou no pior dos casos, que elas não existem – o que, provavelmente, resultaria no abandono da mesma (veja mais aqui). 2. A "Hipótese de um Deus Metafísico" é uma hipótese filosófica do qual se acredita que Deus seja uma entidade sobrenatural que vive num mundo aquém do natural. Infelizmente, é comum nos depararmos com as seguintes alegações: "Deus poderia ser provado pela ciência, mas para isso, ou "Os cientistas deveriam ter a mente mais aberta, O problema é que estas alegações fogem do próprio escopo do que é ciência. Para começar a ciência procura entender o mundo como ele realmente é, e não como gostaríamos que fosse, isto é, a ciência não quer saber da sua ou da minha crença ou opinião pessoal, ela simplesmente quer buscar a verdade não importa onde ela nos levem. Para entender o mundo, a ciência precisa se fixar naquilo com que conseguimos interagir enquanto seres naturais, ou seja, no mundo natural. Os cientistas devem reconhecer que o mundo natural é onde a nossa ciência se aplica. A ciência trabalha com um método bem abrangente de investigação e possui um mecanismo de autocorreção na construção do conhecimento científico – o método científico. Mas é importante ressaltar que a ciência evoluiu mantendo em sua base uma visão natural de mundo. O método empírico, o método científico, a própria ciência foi construída a partir deste conceito, afinal, não seria possível construir conhecimento testável a partir de nossas elucubrações filosóficas constituídas a partir de conceitos espiritualistas ou sobrenaturais. Simplesmente, não há como testar uma crença que foge da nossa própria compreensão de realidade. Forçar a ciência a buscar tais respostas deste modo, é agir desonestamente ignorando toda a sua base epistemológica. Mas podemos usar a filosofia como um exercício de reflexão para tentar, ao menos, entender o nosso lugar no universo sem nos preocupar com os critérios de falseabilidade, mas por outro lado, a ciência pode estudar o porquê acreditamos que existe algo além do mundo natural, ou seja, estudar o comportamento e o cérebro humano a fim de entender o porquê nós, seres humanos, comumente se apegamos às crenças sem quaisquer fundamentos lógicos, racionais e científicos. Nos últimos 100 anos, a ciência fez grandes progressos num ritmo acelerado, mostrando-se eficaz naquilo que se pretende buscar, tanto no campo da Física com Einstein, como no campo da Biologia, por este motivo, para algumas pessoas, a ciência virou sinônimo de "verdade absoluta", mesmo que ela assuma que essa posição não coincide com os seus princípios teóricos. Este conforto em acolher a ciência do mesmo modo que uma mãe acolhe um filho, levou a alguns problemas no século XX, por exemplo, com o empirismo lógico de um lado e de outro, movimentos irracionalistas "pós-modernos". Mas a ideia deste texto não é entrar em discussões sobre tais correntes, mas sim em demonstrar o que esta segurança absoluta e dogmática, nos trouxe de tão prejudicial. Ultimamente os pseudocientistas – àqueles que distorcem a ciência para fundamentar dogmas e crenças pessoais – se passam por entendedores da ciência argumentando que a mesma possui todas as ferramentas necessárias para entender um mundo alternativo – o mundo espiritual – do qual, "cientistas céticos se recusam a aceitar por medo de alguma represália de seus superiores". Basicamente a ideia é criticar a ciência, ao mesmo tempo, que a usam para fundamentar suas crenças de maneira desonesta, isto é, fundamentando suas ideias não por evidências, não por experimentos, não por resultados replicáveis por outros cientistas, mas sim através de falsos jargões científicos e matemática para dar uma falsa aparência de que tal ideia possui consistência lógica e matemática. Claro que existem outros meios para dar falsas consistências a estas ideias, mas este é apenas um dos vários modos existentes para se criar uma pseudociência. É importante ressaltar que foi o Filósofo da Ciência, Karl Popper, que se preocupou em criar uma teoria para separar a ciência da não-ciência (onde está inclusa a pseudociência). Popper deu grandes colaborações para a Filosofia da Ciência, além de ser um dos primeiros a definir "o que é uma teoria científica", a partir daí vem à ideia de falseabilidade, que basicamente é o conceito que afirma que para uma teoria ser científica, ela deve ter a capacidade de ser falseada, isto é, de uma teoria ser provada falsa, além da capacidade de fazer mudanças para adequá-la às evidências. Antes de Popper, não havia delimitação, por exemplo, entre Astrologia e Astronomia, e nem Alquimia e Química, ambas eram tratadas com o mesmo valor de verdade – apesar da Astrologia e da Alquimia nunca terem dado contribuições significativas para às suas ciências (Astronomia e Química). Separando a ciência da pseudociência Então, como poderíamos caracterizar e detectar sinais de pseudociências? A resposta é simples, a pseudociência sempre vai ter pelo menos duas das dez características a seguir descritas por Mario Bunge, Físico e Doutor em Filosofia da Ciência: 01. Ela invoca entes imateriais ou sobrenaturais inacessíveis ao exame empírico, tais como força vital, alma imaterial, criação divina, destino, memória coletiva e necessidade histórica. 02. É crédula: às vezes, não submete suas especulações a prova alguma. 03. É dogmática: não muda seus princípios quando falham nem como resultado de novas descobertas. Não busca novidades, está ligada a um corpo de crenças. Quando muda, o faz apenas em detalhes e em resultado de desavenças no rebanho. 04. Rejeita a crítica, herbicida normal na atividade científica, alegando que está motivada por dogmatismo ou por resistência psicológica, recorre a argumentos falaciosos ao invés de argumentos racionais. 05. Não encontra e nem utiliza leis gerais. Os cientistas, por outro lado, buscam ou usam leis gerais. 06. Seus princípios são incompatíveis com alguns dos princípios mais seguros da ciência. Por exemplo, a telecinese contradiz o princípio da conservação de energia. E o conceito de memória coletiva contradiz a obviedade de que só um cérebro individual pode recordar. 07. Não interage com nenhuma ciência propriamente dita. Em particular, nem psicanalistas e nem parapsicólogos têm tratado com a neurociência. À primeira vista, a astrologia é a exceção. Mas apenas toma sem dar nada em troca. As ciências propriamente ditas formam um sistema de componentes interdependentes. 08. É fácil: não requer uma larga aprendizagem. O motivo é que não se funda sobre um corpo de conhecimentos autênticos. Por exemplo, quem pretende investigar os mecanismos neurais do esquecimento ou do prazer terá de começar a estudar neurobiologia e psicologia, dedicando vários anos a trabalhos de laboratório. Por outro lado, qualquer um pode recitar o dogma de que o esquecimento é efeito da repressão, ou de que a busca do prazer obedece ao "princípio do prazer". Buscar conhecimento novo não é o mesmo que repetir ou mesmo inventar fórmulas vazias. 09. Só a interessa o que possa ter uso prático: não busca a verdade desinteressada. Nem admite ignorar algo: tem explicação para tudo. Mas seus procedimentos e receitas são ineficazes por não se fundamentarem em conhecimentos autênticos. 10. Mantém-se à margem da comunidade científica. Seus sectários não publicam em revistas científicas e nem participam de seminários ou congressos abertos à comunidade científica. Os cientistas, por outro lado, expõem suas ideias à crítica de seus pares: submetem seus artigos a publicações científicas e apresentam seus resultados em seminários, conferências e congressos. Creio que a partir de tais características qualquer pessoa estará apta para detectar possíveis indícios de pseudociências, mas é importante ler alguns artigos complementares sobre o assunto, antes de fazer qualquer julgamento epistemológico entre alguma área do conhecimento (veja mais informações sobre os critérios de demarcação entre ciência e pseudociência aqui). É importante ressaltar que algumas pseudociências já foram testadas através do método científico. Algumas se mostraram ineficazes, falhas, e às vezes, com resultados inconclusivos. Entretanto, os pseudocientistas defendem a ideia de que algumas pseudociências podem vir a se tornar ciências no futuro, mesmo não demonstrando quaisquer indícios de que elas tenham um futuro promissor, e ignorando que são as novas áreas do conhecimento, isto é, as protociências, que poderiam vir a se tornar definitivamente ciências algum dia (veja mais aqui). A pseudociência é inofensiva? Muitas pessoas acham que a pseudociência é inofensiva, porém estas mesmas pessoas esquecem que algumas pseudociências, são respectivamente das áreas da saúde. Vamos usar como exemplo a "medicina alternativa", como o próprio nome já diz, "alternativa", significa que não é baseada em evidência. A grande preocupação dos cientistas e médicos é para que estes métodos "alternativos" não substituam os tratamentos convencionais, pois dependendo da gravidade do problema de um paciente, tais métodos não seriam eficazes ou poderiam fazer com que um determinado problema se agrave. Um caso famoso que representa bem as consequências negativas da pseudociência, por exemplo, é o caso de Steve Jobs. Quando ele foi diagnosticado com câncer no pâncreas, ele recusou-se ao tratamento médico convencional (da quimioterapia à intervenção cirúrgica). Por quase nove meses, o cofundador da Apple, adotou um método de "recuperação" alternativo, que consistia numa dieta à base de ervas, raízes, sucos, além de aplicações práticas de acupuntura. O doutor Ramzi Amri, da Universidade de Harvard, afirmou que seu tipo de câncer era "tratável" se tivesse sido iniciado o tratamento desde sua fase inicial. Jobs não concordava com a ideia de cirurgia, segundo ele, isso seria "uma violação a seu corpo". Quando ele decidiu procurar à ciência, seu câncer já havia se agravado. Seu biógrafo afirma que notava um arrependimento nas palavras de Jobs, que faleceu em outros de 2011 com 56 anos. Com base neste trágico acontecimento, fica a lição de não confiar jamais em métodos alternativos, entre outras pseudociências, e lembre-se:
— Carl Sagan Referências BUNGE, Mario. Cien Ideas (Tradução Universo Racionalista): SMITH, Graham. DailyMail. Steve Jobs doomed himself by shunning conventional medicine until too late, claims Harvard expert: Nota do Autor Uma versão resumida deste texto foi publicada na edição nº 01 da Revista Ateísta. The post Afinal, o que é pseudociência e qual é seu problema? appeared first on Climatologia Geográfica. |
Posted: 12 Feb 2015 01:16 PM PST Afinal, o que é Antropologia? Antropologia é o estudo do homem e sua cultura, a partir da perspectiva de diferentes ciências. Apesar de ser um campo multidisciplinar, isto é, que envolve diversas áreas científicas e filosóficas em seu escopo, como a arqueologia, as ciências biológicas, a linguística e a antropologia sociocultural. Neste texto, nós iremos se focar na antropologia sociocultural, pois em seu escopo ela reúne algumas das principais teorias da cultura. As teorias da cultura surgiram com a intenção de compreender o homem e sua cultura a partir da perspectiva empírica, com isso, várias correntes teóricas na antropologia foram estabelecidas, algumas acabaram como pseudociências, como o evolucionismo social (que reúne os principais pressupostos pseudocientíficos do “Darwinismo Social”), outras não resistiram ao escrutínio cético e as evidências. Uma história conturbada No século XVI, com as grandes navegações, a troca cultural – também chamada de aculturação -, desempenhou um papel importante em variadas civilizações, com resultados que implicariam na transmissão de certos elementos culturais de uma sociedade para outra, esses elementos culturais provindos de outros sistemas culturais, poderiam ser encontrados tanto na religião como na política. Com o sucesso das grandes navegações, às conquistas de novos mundos, o desenvolvimento do método científico, a revolução francesa que lutou por ideais que favoreceram a liberdade de pensamento, e a consolidação do positivismo e do cientificismo no século XIX, desencadeado principalmente pelas descobertas de Charles Darwin, o homem passou a dar mais valor ao objetivismo, se afastando assim do subjetivismo até então presente em algumas correntes filosóficas, e com isso surge à curiosidade do homem em compreender sua origem e seu meio em que vive a partir da perspectiva científica. Com essa mudança de postura no modo de pensar, nascera à Antropologia. O seu objeto de estudo, o homem e seu meio, passou a ser conferido como algo observável, mensurável, passível de ser estudado estatisticamente e experimentalmente, consolidando até então um novo cerne no conhecimento científico. Antropologia nasce em meio às ideias recém-descobertas de Charles Darwin, a primeira teoria foi a do evolucionismo, que basicamente se utiliza de uma comparação hierárquica em relação ao homem europeu, sendo o mesmo rotulado como o estágio "mais evoluído" juntamente com sua civilização, em relação às outras civilizações e diferentes culturas. Portanto, essa comparação parte de um pressuposto etnocêntrico e eurocêntrico. As interpretações de diferentes civilizações através destes pressupostos (etnocêntricos e eurocêntricos) partiram de interpretações monogenistas, da qual diz que há um caminho linear e finalista para o processo evolutivo, enquanto a outra da interpretação poligenista, que também não descartava a concepção evolutiva e, portanto, defendia que as diferenças provinham da existência de diferentes culturas, onde os homens teriam distintas origens e que isso explicaria suas diferenças físicas e morais a partir da sociedade europeia. Neste meio termo nascia o Darwinismo Social, uma das mais famosas deturpações pseudocientíficas da teoria da evolução, que culminou em eugenia. Darwinismo Social e Eugenia Herbert Spencer, admirador de Darwin, foi quem criou o "Darwinismo Social", em sua busca por aplicar a teoria da evolução a todos os níveis da atividade humana. Basicamente, o "Darwinismo Social" foi uma tentativa de justificar a sobrevivência de indivíduos ou mesmo empresas usando as ideias – até então deturpadas – de Darwin. Apesar de terem distorcido praticamente tudo, eles criaram um mecanismo completamente oposto à teoria da evolução, a eugenia. O problema é que quando você cria um sistema de "purificação racial", você não estará limpando a sua espécie ou trazendo algum grau de pureza por trás da "superioridade racial", a ideia vai bem longe disso, pois não existe superioridade ou inferioridade na biologia, e "purificar", significaria destruir e excluir genes externos, o que levaria a uma diminuição na variabilidade genética da população, e isso é o oposto da evolução. Quanto mais diversidade biológica, mais fenótipos você tem para sobreviver em ambientes com dinâmicas diferentes. Se você excluir, visando uma única raça, você estará podando a variabilidade de um elenco de genes que te favorecem em uma determinada situação. A parte do qual o "Darwinismo Social" fundamenta comportamentos imorais, é um equívoco triplo. Pois, primeiro diluiria a especificidade da natureza humana a uma natureza genética, desconsiderando o fato de que somos natureza com atributos próprios que nos definem como espécie (cultura, história, trabalho, etc.). Segundo, acabaria forçando o ideológico discurso de orientação liberal de que é natural para a evolução a eliminação dos mais fracos, ou seja, que seria eticamente válido a desigualdade socioeconômica e a miséria. Geralmente, os criacionistas não sabem o que Darwin quis dizer com evolução por seleção natural, por isso levam as suas alegações para um discurso antiético e descontextualizado. Terceiro, ignora o contexto histórico em que Darwin formula os paradigmas dominantes naquele momento de expansão do capitalismo e tratam a cultura europeia como única válida. Além da distorcida biologização da política e politização da biologia no nazismo, num uso tendencioso da antropologia para justificar a existência de raças ou de desigualdades. Difusionismo Uma corrente teórica que surgiu contrapondo radicalmente o evolucionismo, foi o difusionismo, que se caracterizou pela anti-unilinearidade, ou seja, não admitia a reta constante e ascendente cultural defendida pelos evolucionistas e, portanto a cultura para o difusionismo era um mosaico de traços advindos de outras culturas precursoras com várias origens e histórias. Segundo os difusionistas, "o homem originário teria vivido em pequenos grupos isolados, com o tempo criaram ciclos culturais bem caracterizados, resultantes do confronto de diferentes grupos com diferentes meios". A partir dessas ideias nasceram as primeiras teorias sobre o contato e troca cultural entre sociedades diferentes. No difusionismo privilegia-se o entendimento da natureza da cultura, em termos de origem e extensão, de uma sociedade a outra. Para o difusionista, o empréstimo cultural seria um mecanismo fundamental de evolução cultural, e acreditava-se que as diferenças e semelhanças culturais eram consequência da tendência humana em imitar e absorver traços culturais. Enquanto isso, as teorias evolucionistas começavam a cair no esquecimento devido a sua tese explicativa de diferenças biológicas, culturais e intelectuais. Nesse contexto, o evolucionismo de Spencer até então propagado por suas teses pseudocientíficas, dava lugar a uma nova corrente teórica, a do funcionalismo, no início do século XX, cujo seu precursor foi o antropólogo Bronislaw Kasper Malinowski, considerado um dos fundadores da Antropologia Social. Funcionalismo O funcionalismo de Malinowski abandonava a mecanicidade da escala evolutiva, focalizando as culturas diversas em situação, ou seja, a partir de sua própria contextualização. Os funcionalistas buscaram explicar os fenômenos em termos das suas funções. Assim, cada fato social seria determinado por uma ou várias funções, e cada elemento da cultura destinaria a cumprir uma determinada tarefa dentro de uma estrutura social mais abrangente. A abordagem dessa corrente foi criticada por sua tentativa de assimilar as culturas a organismo, enfatizando o equilíbrio e a estabilidade do todo, de modo que conflitos ou mudanças eram considerados como anomalias. Depois disso, mais uma nova corrente antropológica nascia, o estruturalismo. Estruturalismo de Lévi-Strauss Claude Lévi-Strauss, fundador da antropologia estruturalista, em meados da década de 1950, foi um renomado antropólogo, professor e filósofo francês, além de ser considerado um dos grandes intelectuais do século XX. Sua corrente estruturalista se consolidou a partir de seus estudos sobre os povos indígenas do Brasil. Os pressupostos dessa corrente teórica foram publicados em duas de suas principais obras, "As Estruturas Elementares do Parentesco" (1949), e "Tristes Trópicos" (1955), que o colocaram no cenário mundial. Lévi-Strauss fez uso da teoria estruturalista francesa, a qual pressupunha que "estruturas universais" estariam por trás de todas as ações humanas, dando forma às culturas em suas mais variadas manifestações como linguagem, mitos, e religiões. Com a aplicação do método estruturalista ao conjunto dos fatos humanos de natureza simbólica, possibilitou ao pesquisador estudar o "pensamento selvagem". Lévi-Strauss defendia a tese de que o "pensamento selvagem" poderia ser encontrado em cada um de nós, com isso ele distinguiu-se notoriamente dos demais antropólogos que buscavam analisar e revelar diferenças entre povos e culturas, na maioria das vezes valorativas, enquanto ele buscava as estruturas universais, chamadas de "estruturas profundas". Lévi-Strauss adotou uma postura relativista no estudo de povos e culturas. Suas pesquisas estavam concentradas nos sentidos profundos das ações humanas e de seus produtos, na busca pela essência, e não pela aparência. Seu método permitiu compreender que sociedades tribais relevam notáveis sistemas lógicos, de qualidades mentais racionais tão sofisticadas quanto às de sociedades até então tidas como superiores a partir dos pressupostos da corrente evolucionista. Sua teoria desmontava convicções comumente aceitas de que as sociedades primitivas seriam intelectualmente pobres e irracionais, e que suas ações e obras, consistiriam de um pobre repertório cultural. Os pressupostos teóricos desta abordagem foram publicados na "O Pensamento Selvagem" (1962). Felizmente, sob esses novos pressupostos teóricos, a visão negativa sobre as tribos primitivas estava fadada a desaparecer. Conclusão Existem outras correntes na antropologia que buscam compreender outros aspectos do homem e sua cultura, como a arte, a economia, a sua história, a política, etc. Não existe uma linha teórica na antropologia, mas várias, com diferentes concepções e problemas epistemológicos para serem trabalhados. Principalmente ao adotarmos o relativismo cultural, em sua totalidade, nos estudos de diferentes civilizações, ignorando os pressupostos mais básicos que tornam a filosofia moral uma área significativa na problemática da moralidade universal. Todas essas sofisticadas abordagens antropológicas em compreender o homem e sua cultura, resultaram progressos intelectuais em nossa sociedade, é comum, por exemplo, encontrarmos alguns aspectos culturais na região sudeste provindos do continente asiático, como a popularização da culinária japonesa, e alguns ensinamentos filosóficos de origem budista. Com os avanços nos estudos antropológicos, percebemos que alguns aspectos culturais, seja por meio da política ou da religião, podem ter aplicações práticas em nossa sociedade, a diversidade cultural não nos coloca em um lugar privilegiado, mas em um lugar igualitário onde cada civilização busca componentes de outras para construir uma sociedade melhor, principalmente para modular os seus princípios éticos e morais. As trocas de informações entre diferentes povos facilitaram a eliminação de preconceitos que estavam enraizados (em alguns casos, ainda estão) em nossa sociedade com relação a distintas civilizações e culturas. Talvez, o aspecto semelhante mais importante dessas diversas civilizações e culturas, é a busca pelo saber, aparentemente todos estão engajados em encontrar o nosso lugar cosmos. A busca em saber o que somos, porque existimos e para onde vamos, é que nos motiva a seguir em frente. Leituras Complementares REIS, Nicoli Isabel dos; "Resenha de BOAS, Franz. Antropologia cultural. Org. Celso Castro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. 109 p."; portal Scielo, disponível no link: FONSECA, Dilaze Mirela; PACHECO, Marina Rute; "Difusionismo e Evolucionismo"; site ant1mcc, disponível no link: SCHWARCZ, Lilia K. Moritz;; "História e Etnologia. Lévi-Strauss e os embates em região de fronteira"; portal Scielo, disponível no link: The post Introdução à Antropologia appeared first on Climatologia Geográfica. |
You are subscribed to email updates from Climatologia Geográfica To stop receiving these emails, you may unsubscribe now. | Email delivery powered by Google |
Google Inc., 1600 Amphitheatre Parkway, Mountain View, CA 94043, United States |
0 comentários:
Postar um comentário