quinta-feira, 3 de março de 2016

Blog do Enem: simplificado como deve ser


A intertextualidade – O diálogo entre textos. Revise Literatura Enem!

Posted: 02 Mar 2016 12:10 PM PST

Literatura Enem: A intertextualidade está presente em muitos textos, sendo um recurso para dar mais significado ou, melhor ainda, para que possamos melhor compreender os textos intertextualizados.

O Enem simplesmente adora avaliar sua capacidade de perceber as diferentes conexões que um texto ou uma imagem pode trazer! Então, você quer ter uma melhor compreensão textual, diante de citações de obras literárias, pinturas, publicidade e etc, na sua prova do Enem ou vestibular? Esse post é pra você!

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Negros no porão de um navio negreiro, Rugendas, 1835

 

 

 

Para você começar a entender a intertextualidade, leia, com atenção, o fragmento do poema de Castro Alves, escrito em 1868.

 

O NAVIO NEGREIRO – Castro Alves

 

Era um sonho dantesco… O tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho,

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros… estalar do açoite…

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar…

 

Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:

Outras, moças… mas nuas, espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs.

 

E ri-se a orquestra, irônica, estridente…

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais…

Se o velho arqueja… se no chão resvala,

Ouvem-se gritos… o chicote estala.

E voam mais e mais…

 

Presa nos elos de uma só cadeia,

A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece…

Outro, que de martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!

 

No entanto o capitão manda a manobra

E após, fitando o céu que se desdobra

Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!…”

 

E ri-se a orquestra irônica, estridente…

E da roda fantástica a serpente

Faz doudas espirais!

Qual num sonho dantesco as sombras voam…

Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

E ri-se Satanás!…

 

Para darmos sequência, leia e ouça letra e canção da música Todo camburão tem um pouco de navio negreiro, de Marcelo Yuka: https://www.youtube.com/watch?v=x_Tq34rysAc

Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro – O Rappa

 

Tudo começou quando a gente conversava

Naquela esquina ali

De frente àquela praça

Veio os homens

E nos pararam

Documento por favor

Então a gente apresentou

Mas eles não paravam

Qual é negão? Qual é negão?

O que que tá pegando?

Qual é negão? Qual é negão?

 

É mole de ver

Que em qualquer dura

O tempo passa mais lento pro negão

Quem segurava com força a chibata

Agora usa farda

Engatilha a macaca

Escolhe sempre o primeiro

Negro pra passar na revista

Pra passar na revista

 

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro

 

É mole de ver

Que para o negro

Mesmo a aids possui hierarquia

Na áfrica a doença corre solta

E a imprensa mundial

Dispensa poucas linhas

Comparado, comparado

Ao que faz com qualquer

Figurinha do cinema

Comparado, comparado

Ao que faz com qualquer

Figurinha do cinema

Ou das colunas sociais

 

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro

 

Depois de ler os dois textos, você conseguiu perceber o diálogo que existe entre os dois, certo? Ambos tratam de assuntos semelhantes. Esse é o recurso da intertextualidade! Um recurso tão importante que eu posso te afirmar que nenhum texto origina-se do nada, que um sempre traz referência de algo já criado ou produzido, ou seja, alimenta-se, de maneira clara, de outros textos.

Essa busca por referências acontece para que o autor possa reafirmar, rebater e revolver suas ideias e objetivos dentro daquele texto. O que quero dizer com isso é que ele, o autor, usa desse recurso para dar mais credibilidade ao que foi escrito, reforçando o que foi dito ou contrariando essa informação, diante de determinados pontos de vista.

Dessa maneira, a intertextualidade, em sua extensão, alcança toda e qualquer produção textual, seja ela verbal ou não verbal e, também, não só em textos escritos, mas inclusive em textos falados.

 

Levando em conta a tela de Rugendas (1830), lá no começo do post, você acha que existe alguma intertextualidade entre os vistos nesse post? Sem dúvidas, não é mesmo? O pintor alemão, que produziu várias de suas obras no Brasil, retrata, também, a crueldade do tráfico de escravos naquele século e, nessa obra, relata o momento da travessia dos negros para a América, todos amontoados, sejam eles crianças ou mulheres.

 

Para você arrasar nas interpretações de textos nas provas do Enem e do Vestibular, segue uma dica de um ótimo vídeo sobre o tema desse post, do professor Sidney Martins, no canal Lac Cursos, no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=qRcnUMvvb9M

 

Levando em conta os textos estudados, a questão sobre a intertextualidade e a interpretação de texto, teste seus conhecimentos com os exercícios abaixo!

 

Exercícios

 

1. Sobre o poema O navio negreiro, de Castro Alves e considerando a intertextualidade:

Pesquise a etimologia (origem da palavra) do adjetivo dantesco e dê seu significado.

 

2. (UFMT) Sobre a canção Todo camburão tem um pouco de navio negreiro, de Marcelo Yuka:

Em relação ao entendimento do texto, julgue os itens.

 

a) O texto aponta somente razões sociais para a discriminação do negro.

b) O sentido dos termos chibata e macaca corresponde, respectivamente, ao de feitor e soldado.

c) A expressão "é mole de ver", nas duas ocorrências, é polissêmica – pode ser entendida como é fácil de ver e como é triste de ver.

d) Na expressão "em qualquer dura" (parte II), o rígido, usado como acréscimo o adjetivo lento.

 

Gabarito:

1. Dante, em Divina Comédia, descreve o Inferno, logo em sua primeira parte da obra. Assim, no poema de Castro Alves, o adjetivo dantesco, refere-se ao horroroso, assustador, espantoso.

2. B

O texto foi escrito pela professora Analice, formada em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp. Atualmente é mestranda em Literatura na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, professora de português na rede particular de ensino da Grande Florianópolis e colaboradora do Blog do Enem. Facebook: http://www.facebook.com/analice.andrade

 

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Vem com a gente estudar a morfologia das palavras! (Parte 2) – Português Enem

Posted: 02 Mar 2016 09:13 AM PST

Português Enem: Você sabia que na estrutura da palavra tem uma raiz? Isso mesmo! Deixa a palavra bem "enterrada" no seu cérebro..

Raiz

A raiz é o elemento originário e irredutível em que se concentra a significação das palavras, consideradas do ângulo histórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum às palavras da mesma família etimológica. Observe o exemplo:

Raiz noc [Latim nocere = prejudicar] tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum, as palavras: nocivo, nocividade, inocente, inocentar, inócuo, etc.

Fique ligado(a): Uma raiz pode sofrer alterações. Veja o exemplo:

at-o , at-or , at-ivo , aç-ão , ac-ionar

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Radical

Observe o seguinte grupo de palavras:

livr- o
livr- inho
livr- eiro
livr- eco

Você reparou que há um elemento comum nesse grupo?

Você reparou que o elemento livr serve de base para o significado? Esse elemento é chamado de radical (ou semantema).

Radical: elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. É encontrado através do despojo dos elementos secundários (quando houver) da palavra.

Por Exemplo:

cert-o
cert-eza
in-cert-eza

Afixos

Afixos são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras derivadas. Sabemos que o acréscimo do morfema “-mente“, por exemplo, cria uma nova palavra a partir de “certo”certamente, advérbio de modo. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas “a” e“-ar” à forma “cert cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar são morfemas capazes de operar mudança de classe gramatical na palavra a que são anexados. Quando são colocados antes do radical, como acontece com “a-“, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como “-ar”, surgem depois do radical, os afixos são chamados de sufixos. Veja os exemplos:

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Desinências

Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Existem dois tipos:

Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.

Exemplos: gat-os    cachor   inhas

Observação: Só podemos falar em desinências nominais de gêneros e de números em palavras que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal de gênero. Já em "pires", "lápis" e "ônibus" não temos desinência nominal de número.

Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos.

Exemplos:

compr-o compra-s compra-mos compra-is compra-m
compra-va compra-va-s

A desinência “-o“, presente em “am-o“, é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular; “-va“, de “ama-va“, é desinência modo-temporal: caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação.

Vogal Temática

Vogal Temática é a vogal que se junta ao radical, preparando-o para receber as desinências. Nos verbos, distinguem-se três vogais temáticas:

A – verbos da 1ª conjugação – buscar

E – verbos da 2ª conjugação – romper

I – verbos da 3ª conjugação – proibir

Tema

Tema é o grupo formado pelo radical mais vogal temática. Nos verbos citados acima, os temas são:

busca-, rompe-, proibi-

Vogais e Consoantes de Ligação

As vogais e consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra.

Exemplo:

parisiense

(paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i)

Outros exemplos: gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.

Para finalizar, observe o inforgráfico abaixo. É assim que você deve olhar para uma palavra quanto ao estudo da estrutura dela!!!

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Para você fixar bem a análise da estrutura das palavras, sugiro que você assista ao vídeo a seguir.  Se liga no link: https://www.youtube.com/watch?v=S0gL1WNymt8&list=PL3A457E4BE6C59F2E

Agora é a sua vez! Faça os exercícios para ficar craque em gramática!

 

1. Leia a tira a seguir e responda às questões de 1 a 4.

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1) Identifique o radical das seguintes palavras do texto: querido, casa, orgulhosa e impecável.

2) Forme famílias de palavras a partir dos radicais que você identificou nas palavras do exercício anterior.

3) Entre as palavras relacionadas no exercício 1, quais apresentam afixos? Quais são eles?

4) Indique o radical, a vogal temática e a eventual desinência da forma verbal trabalhando.

 

GABARITO:

1) Quer, cas, orgulh, pec.

2) Quer – querança, querer, queridinho; cas – casebre, caseiro, casario; orgulh – orgulho, orgulhar, pec – pecar, pecado, pecador.

3) As palavras impecável (im –e- ável) e orgulhosa (osa)

4) Radical: trabalh, vogal temática: a; desinência de gerúndio: ndo.

Os textos, exemplos e exercícios acima foram preparados pela professora Gisele Garcez para o Blog do Enem. Gisele é formada em Letras pela UNISUL, especialista em Linguística, Gramática,Literatura e Produção Textual da Língua Portuguesa. Dá aulas de Língua Portuguesa em escolas da Grande Florianópolis desde 1998. Facebook:  https://www.facebook.com/gisele.garcez.3

 

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